Tarifas de energia devem subir menos que a inflação em 2025, mas bandeiras tarifárias podem pressionar as contas

Tarifas de energia devem subir menos que a inflação em 2025, mas bandeiras tarifárias podem pressionar as contas

Mesmo com reajuste médio estimado em 3,5%, consumidores devem ficar atentos à possível volta das cobranças extras já a partir de maio

A conta de luz dos brasileiros deve subir em média 3,5% em 2025, segundo projeção divulgada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O índice representa uma alta inferior às estimativas para a inflação do ano — de 5,6% para o IPCA e 5,1% para o IGP-M —, o que sugere certo alívio para consumidores residenciais e empresas.

No entanto, esse alívio pode ser temporário. Especialistas alertam para a possibilidade de retorno das cobranças extras nas contas de energia, por meio do acionamento das bandeiras tarifárias, a partir de maio.

O que compõe o reajuste de 3,5%?

A Aneel aponta que o reajuste médio das tarifas será puxado por dois fatores principais:

  • Aumento de 2% na chamada “parcela B”: que corresponde aos custos de distribuição de energia elétrica.

  • Alta de 1,6% nos encargos setoriais, em especial os vinculados à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que concentra diversos subsídios do setor.

Por outro lado, ajudando a conter o aumento, haverá uma queda de 2,7% nos componentes financeiros, resultado da devolução de valores cobrados indevidamente antes da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins. Essa compensação será repassada aos consumidores ao longo do ano.

Risco de bandeiras tarifárias em 2025

Apesar do reajuste contido nas tarifas base, a volta das bandeiras tarifárias deve impactar diretamente o valor final pago pelos consumidores. Segundo projeções da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a bandeira amarela pode ser acionada já em maio, adicionando R$ 1,88 a cada 100 kWh consumidos, após cinco meses consecutivos de bandeira verde.

A entrada do período seco e um cenário de geração mais caro contribuem para essa possível mudança. Mesmo com reservatórios das hidrelétricas em cerca de 70% da capacidade, os custos aumentam por conta de um modelo de precificação mais conservador, que eleva os preços no mercado de curto prazo (PLD).

Projeções para os próximos meses

Instituições como a Warren Rena e a Ampere Consultoria preveem um cenário com diversas alterações nas bandeiras tarifárias:

  • Maio: bandeira amarela;

  • Junho a outubro: bandeiras vermelha patamar 1 ou 2, que acrescentam R$ 4,46 e R$ 7,87 a cada 100 kWh, respectivamente;

  • Novembro: bandeira vermelha ou amarela, dependendo da consultoria;

  • Dezembro: bandeira verde, o que zeraria o impacto sobre o IPCA no fim do ano, estimado em 5,5%.

Por que as bandeiras existem?

O sistema de bandeiras tarifárias foi criado para repassar rapidamente ao consumidor os custos adicionais de geração em momentos de escassez ou aumento do preço da energia. Além disso, ele funciona como um sinal de alerta, incentivando o uso consciente da eletricidade.

Fatores como o PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) e o risco hidrológico (GSF) — que afeta diretamente a previsibilidade da geração hídrica — também influenciam na definição da bandeira a ser aplicada em cada período.

Mesmo com um aumento médio controlado nas tarifas, a oscilação das bandeiras tarifárias ao longo de 2025 reforça a importância da gestão eficiente do consumo de energia. Para empresas e consumidores industriais, adotar medidas de eficiência energética e buscar alternativas como o mercado livre de energia pode fazer toda a diferença na previsibilidade dos custos operacionais.

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