
Lula assina MP para atrair data centers com energia renovável em ZPEs
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- 21/07/2025
Medida Provisória prevê uso exclusivo de fontes renováveis em Zonas de Processamento de Exportação para abrigar infraestrutura crítica de dados.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, durante visita às obras da Transnordestina no Ceará, uma Medida Provisória (MP) que visa impulsionar a instalação de data centers em Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs), condicionando seu funcionamento ao uso de energia elétrica proveniente de fontes renováveis. A expectativa é que a MP seja publicada no Diário Oficial da União em 21 de julho.
A assinatura ocorre no contexto de uma demanda crescente por infraestrutura de processamento de dados no Brasil, especialmente diante da expansão de serviços digitais e da inteligência artificial (IA). Atualmente, o país importa cerca de 60% do seu processamento dos Estados Unidos, gerando um déficit de US$ 6,8 bilhões no setor de tecnologia da informação em 2024.
O texto da MP determina que o Conselho de Processamento das ZPEs só poderá aprovar projetos de empresas que utilizem energia proveniente de fontes renováveis ainda não operacionais até a data de publicação da medida. Embora detalhes do programa ainda não tenham sido divulgados, a MP sinaliza uma política voltada à sustentabilidade ambiental e à atração de investimentos em regiões fora do eixo tradicional São Paulo-Rio.
Além da iniciativa do Executivo, o Senado Federal discute o Projeto de Lei 3.018/2024, que propõe diretrizes para data centers com foco em IA, incluindo eficiência energética, gestão ambiental e segurança digital. O debate legislativo evidencia a necessidade de políticas públicas para equilibrar a alta demanda por dados com a proteção de recursos energéticos e hídricos.
O ponto central da medida é justamente articular desenvolvimento econômico e responsabilidade ambiental. Data centers são fundamentais para a economia digital — representando cerca de 25% do PIB mundial — mas também figuram entre os maiores consumidores de energia e água. No Brasil, já se estima que a demanda por data centers possa alcançar 13% da carga pico do sistema elétrico, segundo o Ministério de Minas e Energia.
O uso de fontes renováveis, como eólica e solar, principalmente no Nordeste, não só mitiga impactos ambientais como também aproveita o potencial energético da região para descentralizar a infraestrutura digital, historicamente concentrada no Sudeste. A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Gannoum, destacou a oportunidade de fortalecer a geração renovável e estimular empregos qualificados no ecossistema digital.
Mas por que é necessário atrelar os data centers às fontes renováveis? Porque a expansão desordenada desses centros pode sobrecarregar o sistema energético, agravar a escassez hídrica e gerar emissões incompatíveis com os compromissos ambientais do país. Ao condicionar o investimento às energias limpas, a MP busca garantir crescimento sustentável e criar um exemplo para políticas semelhantes em outros estados.
Assim, a medida representa um passo estratégico para transformar o Brasil em um polo competitivo de tecnologia e inovação, sem abrir mão de princípios ambientais e sociais que hoje são indispensáveis para qualquer desenvolvimento de longo prazo.